Soares, Maria Lúcia de AmorimBatista, Sonia Aparecida IjanoBatista, Sonia Aparecida Ijano2023-05-092023-05-092003https://repositorio.uniso.br/handle/uniso/235Esta pesquisa objetiva responder a pergunta realizada por um aluno do Ensino Médio de uma Escola Pública : "Pra que ensinar literatura pra quem carrega saco nas costas?" Leahy - Dios, Candido, Gonçalves, Ostrower , Geraldi e Compagnon sinalizaram que o desinteresse do aluno pela literatura tinha causas sociais, ligadas ao utilitarismo advindo da racionalidade espalhada na sociedade, que se materializa em situações objetivas como comer, vestir-se, abrigar-se sob um teto ou arrumar um emprego, contexto que não faz a literatura, enquanto arte, interessante. Entrevi, acompanhada de Sabato, Walty , Britto , Kramer e Geraldi os fantasmas que assombravam os alunos, que não se reconheciam como autores de seus próprios textos, observando que os mesmos não escreviam textos por prazer, mas para cumprir tarefas escolares, como trabalhadores. Busquei, então, uma forma de leitura e escrita que se diferenciasse do cotidiano das aulas e permitisse o não temor aos erros ortográficos, um fantasma sempre presente. Encontrei-a em Memorial do Fim, de Haroldo Maranhão. Em quatro capítulos dessa obra, o autor realiza um processo de apropriação, utilizando-se de fragmentos literários retirados de romances de Machado de Assis, não usando nenhuma palavra sua. Munida da fórmula de Maranhão, apliquei-a num exercício de leitura e escrita, numa 3° série do Ensino Médio - período noturno , da BE. Prof. Carlos Augusto de Camargo", em Piedade para responder ao aluno inquisidor e a mim mesma, enquanto professora de Língua Portuguesa e Literatura: "pra que ensinar literatura pra quem carrega saco nas costas?" A exemplo de Haroldo Maranhão, que escolheu as obras de Machado de Assis selecionei o conto Senhoras de Tchekhov, que narra a história de um professor que estava prestes a perder o emprego. Como resultado, surgiram criações com enfoques diferenciados, porém em nenhum momento os alunos, enquanto jovens trabalhadores , se distanciaram do trabalho e do "saco nas costas" No caminho de Maranhão, foram criadas vinte e uma novas narrativas, num processo de construção semelhante a um quebra - cabeças, onde os alunos retiraram as peças do conto Senhoras de Tchekhov para a construção de suas próprias criações , cujas análises foram realizadas através da Crítica Genética, seguindo os passos de Salles, De Biasi, Gresillon, Hay e Zular. A pesquisa provocou uma ação de simultaneidade, pois a medida em que os vinte e um quebra-cabeças eram montados pelos alunos, em seus textos, havia se montado um outro, o meu, cuja forma permitiu-me captar que a pergunta do aluno-inquisidor havia sido direcionada a mim, enquanto professora de Língua Portuguesa e Literatura, portanto profissional da educação. Uma pergunta, numa noite, vinda do fundo de uma sala de aula do Ensino Médio, através da voz de um aluno, trouxe-me a consciência da importância de ensinar literatura a quem carrega "saco nas costas"Esta pesquisa tiene como objetivo responder a la pregunta hecha por un alumno de la Enseñanza Media en una escuela pública: " ¿ Para qué enseñar literatura a quien hace trabajos pesados de peón? Leahy - Dios, Candido, Gonçalves, Ostrower, Geraldi y Compagnon señalan que el desinterés del alumno por la literatura tiene causas sociales, unidas al utilitarismo proveniente de la racionalidad que espeja la sociedad y que se materializa en situaciones objetivas como vestirse, abrigarse bajo un techo o tener un trabajo, contexto que la literatura no nos proporciona como arte En compañía de Sabato, Walty, Britto, Kramer y Geraldi entreví los fantasmas que asombraban a los alumnos, que no se reconocían como autores de sus textos; observé que no los escribían con placer, sino para cumplir tareas escolares, así como trabajadores. Busqué entonces una forma de lectura y escritura diferente del cotidiano de las clases y que les permitiera no temer los errores de ortografía, un alma penada que asistía siempre a estas clases. La encontré en Memorial do Fim, de Haroldo Maranhão En cuatro capítulos de esa obra el autor se apropió de fragmentos literarios de Machado de Assis y no hizo uso de sus propias palabras. La fórmula de Maranhão, la apliqué en un taller de lectura y escritura, en un tercer año de la Enseñanza Media de un curso nocturno de la EE Prof. Carlos Augusto de Camargo, de Piedade, con la finalidad de responder al alumno inquisidor y a mí misma, profesora de Lengua Portuguesa y Literatura: ¿ Para qué enseñar literatura a quién hace trabajos pesados de peón? Como Haroldo Maranhão que escogió las obras de Machado de Assis, selecioné el cuento Señoras de Tchekhov, que narra la historia de un profesor que estaba a punto de perder su empleo. Como resultado, surgieron creaciones de varios matices, pero en ningún momento los jóvenes trabajadores se alejaron del trabajo y de sus quehaceres. Mientras seguía la meta propuesta por Maranhão, fueron creadas veintiuna historias, según un procedimiento de creación semejante a un rompecabezas, de dónde los alumnos sacaron las escenas del cuento Señoras para la construcción de sus propias creaciones y cuyo análisis se hizo a la luz de la Crítica Genética, según Salles, de Biasi, Gresillon, Hay y Zular. La pesquisa provocó una acción simultánea pues mientras los veintiún rompecabezas los cuadraban los alumnos, en sus textos se había cuadrado otro, el mío, que me permitió entender que la pregunta del alumno inquisidor había sido dirigida hacia mí, profesora de Lengua y Literatura, por lo tanto, una educadora. Así, una pregunta hecha una noche, en el fondo de una clase de la Enseñanza Média, a través de la voz de un alumno me trajo conciencia de la importancia de enseñar literatura a quién hace trabajos pesados de peón.Literatura - Estudo e ensinoLiteratura - Ensino médioLiteratura - Aspectos sociaisLiteratura e sociedadePra que ensinar literatura pra quem carrega saco nas costas?Dissertação