Assembleia de peixes em um riacho degradado: implicações para restauração e conservação
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Resumo / Abstract
Preâmbulo. A crescente pressão antrópica no meio ambiente vem afetando os ecossistemas aquáticos há séculos. Os projetos de restauração ecológica têm se tornado uma medida de mitigação a esses problemas, dessa forma uma das medidas de avaliação dos aspectos de degradação e restauração são feitas através da comunidade ictiológica. A distribuição de espécies ícticas em ambientes aquáticos depende de diversos fatores bióticos e abióticos, tornando algumas espécies pouco conhecidas, com distribuição restrita e extremamente dependente da vegetação riparia para alimentação, reprodução e abrigo. Os riachos de Mata Atlântica apresentam uma fauna peculiar de peixes, apresentando 350 espécies, das quais 133 são endêmicas. As regiões mais altas apresentam ambientes naturais de cabeceira de forma a obter uma fauna de peixes de pequeno porte e distribuição geográfica restrita. O motivo para falta de estudos nesses ambientes é pelas comunidades aquáticas apresentarem exigências ambientais específicas que podem ser influenciadas pela perda ou alteração do hábitat físico. Essas necessidades estão associadas à qualidade da água, a restauração da manutenção dos recursos hídricos, e das porções terrestres adjacentes, cujos parâmetros são indispensáveis para a preservação de rios e riachos e da diversidade biológica associada a eles. Objetivo. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o reflexo de impactos ambientais sofridos em um riacho no município de Sorocaba sobre a assembleia de peixes. Método. As coletas ícticas ocorreram de acordo com o período de amostragem, pois antes do impacto eram utilizadas redes de espera, peneira e pesca elétrica analisando três pontos amostrais, após o impacto os três pontos foram mantidos e utilizou somente peneira e pesca elétrica, já após a restauração foram analisados sete pontos amostrais utilizando somente o método de coleta por peneira. As análises realizadas por métodos estatísticos foram divididas em três categorias: caracterização da comunidade (riqueza, abundância, diversidade, dominância, Whittaker-plot e modelos de espécie-abundância); estatísticas univariadas para as variáveis físicas e químicas da água e comunidade (teste t pareado, análise de variância e análise de regressão); e estatísticas multivariadas para as variáveis físicas e químicas da água e comunidade (agrupamento, ordenamento – PCA). Resultados. Antes do rompimento da barragem a área de estudo apresentava 16 espécies, logo após o impacto as espécies foram extintas localmente. Após a implantação do projeto de restauração, foi registrado na área de estudo 5 espécies. Discussão. O crescimento da riqueza íctica na área de estudo, após a restauração, é um sinal de que o projeto de restauração foi bem-sucedido e que ambientes perturbados podem alcançar a resiliência. Após um período pós impacto as espécies começaram a recolonizar os ambientes vazios, mostrando que o processo de recolonização ocorre independente da ação antrópica. Conclusão. Concluiu-se que o contexto histórico de perturbações e restauração do local, inclusive os eventos ocorridos no entorno, influenciaram negativamente a biota aquática da área de estudo, pois após alguns impactos ambientais a fauna íctica mostrou redução na abundância de algumas espécies, aumento de outras e/ou extinção de todas as espécies locais. E, após o projeto de restauração as espécies começaram a retornar.