Teatro estudantil: as tecnologias do eu e a constituição ética de si

O presente trabalho desenvolve uma reflexão sobre a relação entre educação, teatro e os atuais indivíduos formados em nosso sistema educacional, buscando compreender a constituição ética de si. Especificamente busca desvelar os processos de apropriação do teatro que cada indivíduo pode fazer, através de uma pesquisa-ação realizada numa escola pública na cidade de Sorocaba do Estado de São Paulo, que mantém o grupo teatral Tia Thereza & Cia. A pesquisa constela o sentir, o experimentar e o fruir do sensível, que se apresentam reprimidos, pela racionalidade moderna, ou superestimulados pela sociedade de consumo, provocando uma incapacidade do saber de nossos corpos no desfrute da estesia. Como referencial teórico são as teses foucaultianas que permitem compreender a constituição de alunos-sujeitos, logo assujeitados, na escola moderna. Utilizando das dimensões das Tecnologias do Eu, teorizadas por Foucault, e relacionadas por Larrosa à educação, vai de encontro da possibilidade da elaboração de uma atitude ética na constituição de si. Articula, também, uma interação da educação do sensível com Francisco Duarte Júnior e o pensamento da pedagogia teatral com Ingrid Dormien Koudela. Realiza uma análise empírica de dados coletados nos protocolos escritos pelos alunos do grupo que constitui universo desse estudo, escritos que desnudam situações que permitem aos indivíduos uma ação sobre si mesmo. Os resultados apontam para a importância da arte teatral no sistema educacional, a partir da destacada significação dos momentos que engendraram a constituição ética de si.