Escuta sensível: protagonismo na educação

Este estudo defende a tese que o professor precisa ter formação para uma escuta sensível e uma visão holística na educação. O objetivo primeiro da pesquisa foi verificar se a relação entre professor e aluno está centrada no saber-fazer (razão) ou no saber-ser. Partindo da ideia de que a escuta sensível visa a valorização das expressões como fator fundamental para a compreensão do ser humano, e assim, beneficiar tanto professores quanto alunos e que deve ser uma prática, destaca-se a importância do professor protagonista nessa ação. Como a formação do professor não pode ser pensada apenas como uma atividade intelectual, este estudo busca responder às seguintes questões: Qual a formação do professor? Ou seja, a formação do professor está centralizada no desenvolvimento humano integral (saber-ser)? O escutar professor-aluno acontece no processo ensino e aprendizagem? A partir da escuta, como criar um clima no ambiente escolar que estimule o interesse e a participação efetiva do aluno nas aulas e atividades do seu curso? A pesquisa tem a abordagem qualitativa e a pesquisa-ação como procedimento metodológico. E traz como suporte teórico, entre outros autores, Ardoino, Barbier, Gatti e Morin. Para a coleta de dados foram utilizados diferentes instrumentos: observação participante, diário de campo (diário de itinerância do pesquisador em pesquisa-ação) e materiais diversos como: atas, plano de gestão e outros. O foco desta investigação foi observar o professor em sua prática e ação docente e não os alunos. O estudo de campo foi realizado na Faculdade de Tecnologia de Sorocaba com a participação de docentes dos cursos da área de mecânica. Os resultados revelaram que entre os discursos teóricos voltados à educação holística e a prática docente há um distanciamento entre o pensamento e a ação. Temos nesse panorama um paradoxo entre a teoria e a prática. Pela análise do Currículo Lattes dos professores constata-se que não há nenhuma informação concreta ao verificar se a formação do professor está centralizada em um saber-ser. O escutar professor-aluno acontece no processo ensino e aprendizagem, mas a escuta sensível não predomina nas práticas e ações dos docentes. A escuta sensível nos incita a ter diferentes visões da mesma situação, direcionando os caminhos e ações docentes.