Navegando por Assunto "Serviços de saúde"
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- DissertaçãoDisparidade racial na frequência do exame dos pés em brasileiros com diabetes: análise da pesquisa nacional de saúde, 2019(2019) Bramante, Clarice NunesIntrodução: Apesar de o Brasil contar com um sistema universal de saúde, existe grandes disparidades nos indicadores sociais. O exame periódico dos pés dos pacientes diabéticos propicia a identificação precoce e o tratamento oportuno possibilitando, assim, a prevenção de complicações. Objetivo: Investigar se a raça é fator de risco independente de pacientes com diabetes nunca terem seus pés examinados por profissionais da saúde. Método: estudo transversal com a utilização de dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, da qual foram extraídas as informações dos indivíduos que reportaram diagnóstico de diabetes por profissional da saúde. Destes pacientes, foram analisadas as informações sobre última vez que um médico ou profissional de saúde examinou os pés para verificar a sensibilidade ou a presença de feridas. Para investigar se a raça é um fator associado para nunca ter seus pés examinados, realizou-se um modelo de Poisson com variância robusta, ajustado pelos seguintes determinantes sociais: região, cadastro em uma equipe de Saúde da Família, sexo, plano privado de saúde, consumo de álcool, tabagismo, hipertensão, renda, escolaridade, idade, tempo de doença e estado de saúde. O modelo derivou razões de prevalência (RP) e intervalos de confiança à 95% (IC 95%), os quais foram calculados no STATA 14.2. Resultados: Foram incluídas 6.216 pessoas com diabetes, dos quais 61% se autodeclaram negros (pretos e pardos). Dentre os diabéticos selecionados para a análise, 52,1% (IC 95%: 50,0 a 54,2%) informaram que nunca tiveram os pés examinados por algum profissional da saúde. Observou-se maior frequência entre os negros (55,3%; IC 95%: 52,5 a 58,1%) do que nos brancos (48,2%; IC 95%: 45,0 a 51,5%). Em 22 Unidades da Federação a frequência de nunca ter os pés examinados por profissionais da saúde foi maior em negros do que nos brancos. A análise multivariada restrita à população negra indica os seguintes fatores associados a pior assistência: idade (15-39 anos, RP 1,28; IC 95% 1,06-1,54; p = 0,017), ausência de cadastro no Programa Saúde da Família (RP 1,13; IC 95% 1,02-1,25; p = 0,015), tabagismo (RP 1,16, RP 1,01-1,33; p = 0,036), estado de saúde (regular; RP 1,13 IC 95% 1,01-1,28; p = 0,012) e anos com diabetes (0-4 anos, RP 1,33 IC 95% 1,18-1,50; p < 0,001). Comparado com os brancos, a população negra busca maior acesso aos serviços de atenção primária e tem pior assistência dos profissionais da saúde pelo fato de serem fumantes ou por estarem com pior situação de saúde, independente da escolaridade. Conclusão: Os resultados apontam uma proporção elevada de pacientes com diabetes que tiveram o pé ignorado por profissionais da saúde. Também se evidenciou potencial discriminação da população negra ao buscar esse tipo de assistência.
- DissertaçãoPrescrição de medicamentos por enfermeiros e farmacêuticos: overview de revisões sistemáticas(2017) Franquez, Reginaldo TavaresA prescrição de medicamentos por profissionais não médicos foi realizada pela primeira vez no Reino Unido em 1986, onde hoje, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais da saúde podem prescrever medicamentos dentro de suas esferas de competência. Desde então, a prescrição por enfermeiros e farmacêuticos tem evoluído de forma variada, em diferentes países. Embora os pacientes sejam receptivos à prescrição por profissionais não médicos, ainda há escassez de evidências em relação aos resultados clínicos. Nesse contexto, o objetivo desse estudo foi sumarizar as evidências sobre a prescrição de medicamentos por enfermeiros e farmacêuticos. Tratase de um overview de revisões sistemáticas. A busca e a seleção de revisões sistemáticas sobre a prescrição de medicamentos por enfermeiros e farmacêuticos exploraram as bases de dados MEDLINE, via PubMed, Biblioteca Cochrane, CINAHL, Web of Science e OpenGrey, combinando os descritores nurses, pharmacists, prescriptions e seus sinônimos remissivos, até Maio de 2016. Foram incluídas no estudo revisões sistemáticas que abordaram a prescrição de medicamentos por enfermeiros ou farmacêuticos em qualquer nível de atenção, sem restrição quanto ao desenho dos estudos primários, data de publicação ou idioma. Para avaliação da qualidade metodológica das revisões sistemáticas selecionadas foi utilizado o instrumento Assessing the Methodological Quality of Systematic Reviews (AMSTAR). Os principais achados foram agrupados em categorias temáticas, definidas com base em análise de conteúdo, e discutidas qualitativamente na forma de síntese narrativa. Nove revisões sistemáticas foram incluídas no estudo. Os artigos selecionados foram publicados entre 2002 e 2016 e o número de estudos primários incluídos nas revisões sistemáticas variou entre 7 e 124. Seis revisões sistemáticas abordaram exclusivamente a prescrição de medicamentos por enfermeiros; uma abordou a prescrição de medicamentos por enfermeiros e farmacêuticos; e duas abordaram profissionais não médicos. Foram identificados estudos avaliando os efeitos da prescrição por enfermeiros; comparando a prescrição por enfermeiros ou médicos na atenção primária; comparando os cuidados iniciais fornecidos por enfermeiros e médicos; avaliando a prescrição de antimicrobianos por enfermeiros prescritores independentes; avaliando as interações entre clínicos não médicos (incluindo farmacêuticos e enfermeiros) e a indústria; revisando métodos educacionais capazes de melhorar a prescrição tanto de profissionais médicos quanto não médicos. Na avaliação da qualidade metodológica segundo os critérios do AMSTAR predominaram revisões sistemáticas de qualidade baixa ou moderada. Os principais desfechos avaliados foram agrupados em seis categorias temáticas: categorias profissionais e nível de atenção; tempo de consulta e qualidade do atendimento; aceitabilidade e nível de satisfação dos pacientes; acesso a medicamentos e serviços; aspectos econômicos e barreiras à implantação. As revisões sistemáticas incluídas nesse overview apontaram benefícios potenciais da prescrição de medicamentos por enfermeiros e farmacêuticos. No entanto, deficiências metodológicas dos estudos não permitiram conclusões definitivas sobre o tema. Além disso, foram identificadas lacunas na base de conhecimentos que resultaram na indicação de temas relevantes para pesquisas futuras, a serem conduzidas com maior rigor metodológico.