Tecnologias vestíveis destinadas a promover a adesão aos medicamentos
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Resumo / Abstract
INTRODUÇÃO: A saúde digital (também denominada e-health) engloba várias tecnologias distintas, incluindo as tecnologias móveis (m-health) e, dentre elas, os dispositivos vestíveis (wearables). Tecnologias m-health possuem a capacidade de monitorar o corpo humano de forma contínua, coletando dados fisiológicos, possibilitando oportunidades de pesquisa e aprimoramento das práticas clínicas. Tecnologias vestíveis são descritas como dispositivos que vestem o corpo humano e têm sido empregados para medir tempo de sono, frequência cardíaca, presença de patógenos aerotransportados, anomalias respiratórias, concentração de fármacos, entre outros. No século XXI, atingiram alto nível de sofisticação tecnológica e começaram a fornecer aos usuários e profissionais da saúde serviços personalizados, dados de saúde remotos e ininterruptos, auxiliando a tomada de decisão. OBJETIVO: Analisar o desenvolvimento de tecnologias vestíveis destinadas a promover a adesão aos medicamentos. MÉTODOS: Apresentados com base na produção intelectual. O primeiro artigo sumarizou os avanços e desafios das tecnologias móveis em saúde, a partir de reflexões sobre o desenvolvimento, aplicações, legislação e ética. Apresentou estrutura narrativa apoiada em referências recentes sobre o tema e abordou as terminologias relacionadas. O segundo artigo adotou o método de um mapeamento sistemático, com a busca concluída em março de 2020 nas bases de dados Medline, Embase, Scopus, CINAHL, PsycInfo e Web of Science. Foram incluídos estudos que descreveram o desenvolvimento e a avaliação de tecnologias vestíveis destinadas a promover a adesão aos medicamentos. Foram excluídos estudos que não permitiam aos pacientes autonomia na tomada de decisão quanto à adesão (ou não) aos medicamentos. Os dados extraídos foram registrados em planilha eletrônica e os resultados apresentados em mapas de horizonte tecnológico e descrição narrativa. O terceiro artigo é uma revisão de escopo que explorou os mesmos resultados da busca do artigo 2, mas selecionou apenas os estudos que descreveram o envolvimento de voluntários humanos no desenvolvimento e na avaliação de dispositivos vestíveis destinados a promover a adesão aos medicamentos. Por outro lado, foram excluídos estudos que não permitiam aos pacientes autonomia na tomada de decisão quanto à adesão aos medicamentos. Os resultados foram apresentados na forma de síntese narrativa. RESULTADOS: Apresentados com base na produção intelectual. O primeiro artigo foi publicado na seção “Temas da atualidade” da Revista Panamericana de Saúde Pública. Além de abordar as novas terminologias em saúde digital, o estudo teve como objetivo discutir os avanços e os desafios das tecnologias móveis em saúde a partir de reflexões sobre desenvolvimento, aplicações, legislação e ética. Quanto à efetividade, destacou-se que o desenvolvimento e a avaliação dos dispositivos móveis devem estar apoiados por evidências científicas robustas e elevado rigor metodológico, desde a concepção do projeto até a sua avaliação. A utilização dessas tecnologias na área da saúde é um campo de investigação complexo, no qual se contrapõem o entusiasmo pela inovação e as preocupações regulatórias e éticas relacionadas à proteção de dados, privacidade, acesso aos dispositivos móveis, disparidades tecnológicas e sociais. O segundo artigo partiu de 7.087 registros identificados em seis bases de dados consultadas e incluiu 16 estudos que atenderam aos critérios de elegibilidade. Quatorze foram publicados entre 2013 e 2020 e envolveram relógios inteligentes (n = 6), adesivos sensores (n = 4), pulseiras inteligentes (n = 4), colares inteligentes (n = 1) e uma tecnologia que pode ser associada a diferentes dispositivos vestíveis (n = 1). Oito estudos abordaram especificações sobre o desenvolvimento técnico. Outros realizaram avaliações centradas no paciente, com destaque para aceitabilidade (n = 4), adesão ao dispositivo (n = 3) e satisfação do usuário (n = 1). Também foram descritas avaliações centradas no dispositivo, como efetividade (n = 3), funcionalidade (n = 3), segurança (n = 2) e usabilidade (n = 1). Todas as avaliações apresentaram medidas de efeito positivas. Limitações dos estudos, relacionadas com avaliações de efetividade e segurança, aspectos regulatórios e éticos, proteção de dados e privacidade do usuário, foram discutidas. O terceiro artigo incluiu nove estudos do total de 7.087 registros identificados nas bases de dados, publicados entre 2009 e 2019, envolvendo relógios inteligentes (n = 3), adesivos sensores (n = 3), pulseiras inteligentes (n = 2) e colares inteligentes (n = 1). Com base nas etapas do desenvolvimento dos dispositivos vestíveis e no objetivo dos ensaios, os estudos foram categorizados em: validação da ideia (n = 4); validação do protótipo (n = 5); ou validação do produto (n = 1). Um dos nove estudos incluídos envolveu voluntários humanos em duas etapas: na validação da ideia e do protótipo. Quanto ao desenho metodológico dos estudos incluídos, foram identificados inquéritos (n = 6), estudos experimentais (n = 3) e ensaio clínico randomizado (n = 1). Um total de 782 voluntários humanos, variando entre 6 e 252, foram envolvidos nos testes de validação e apenas cinco estudos mencionaram a aprovação prévia por comitê de ética em pesquisa. CONCLUSÃO: As expectativas com o desenvolvimento, difusão e adoção das tecnologias móveis em saúde crescem a cada dia e, apesar de, os cuidados digitais estarem cada vez mais em evidência, há necessidade de avaliação mais rigorosa da efetividade e segurança dos dispositivos vestíveis, com maior envolvimento de voluntários humanos e desenhos metodológicos mais robustos. Pesquisadores da área da saúde e da informática precisam aprimorar o processo de desenvolvimento, avaliação e validação dessas tecnologias para que se confirmem seus benefícios com base nas melhores evidências.