Navegando por Autor "Camargo, Márcio José Pereira de"
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- DissertaçãoEnsino de português em cursos superiores: razões e concepções(2009) Camargo, Márcio José Pereira deEsta pesquisa discute a oferta de disciplinas de Língua Portuguesa em cursos superiores de diversas áreas do conhecimento. Parte-se da constatação de que há um discurso corrente segundo o qual os estudantes universitários têm dificuldades de leitura e escrita (CARONE, 1976; LEMOS, 1977; PÉCORA, 1989 [1984]; HANSEN, 1989; ROCCO, 1981, 1982; BRITTO, 1983; CARVALHO; SILVA, 1996; CASTELLO-PEREIRA, 2003) e que, diante de tal situação, admite-se como plenamente justificável o ensino de Língua Portuguesa em cursos superiores, não se observando o necessário debate em torno das razões da oferta dessa disciplina em cursos não específicos da área da linguagem, nem as concepções de língua que sustentam seus programas. Visando investigar como se considera a questão do conhecimento da escrita na Educação Superior brasileira contemporânea, buscou-se mapear a oferta de Língua Portuguesa por diferentes IES; verificar as razões que levam à oferta da disciplina em curso não específico da área da linguagem; examinar as propostas de ensino, identificando o caráter predominante e suas concepções de linguagem e de formação acadêmica. Admitindo-se, inicialmente, que a disciplina responderia a concepções de ordem reparadora, instrumental ou discursivo-textual, realizou-se um estudo pormenorizado de currículos de cursos das áreas de Ciências Sociais Aplicadas, Engenharias, Ciências Humanas e Ciências da Saúde, por meio de pesquisa nos sítios eletrônicos de universidades escolhidas entre diferentes categorias e perfis de instituição. Optou-se pela pesquisa qualitativa, com base em análise de conteúdo. Pelos resultados obtidos, verificou-se uma tendência à maior oferta pelas universidades privadas, enquanto as universidades públicas, de modo geral, apresentam oferta reduzida. Com relação aos cursos, observou-se maior presença da disciplina em carreiras das Ciências Sociais Aplicadas, constatando-se menor oferta entre os cursos de Saúde. A análise dos programas permite sustentar que as disciplinas de Língua Portuguesa respondem a no mínimo três vertentes: a) caráter reparador – visa superar deficiências da escolaridade anterior; b) caráter instrumental – atende a razões pragmáticas, de modo a instrumentalizar os estudantes para o exercício profissional; c) caráter discursivo-textual – tendo como foco o texto e o discurso, compreende o aprendizado da língua por suas relações com o processo cognitivo, valorizando o discurso acadêmico e a possibilidade de desenvolvimento intelectual. Saliente-se, contudo, que essas concepções não são autoexcludentes, não ocorrendo de maneira isolada nas disciplinas. Notase frequentemente o ajuste de uma vertente a outra, de modo a atender às mais variadas demandas. Quanto às razões e concepções desses cursos, vários aspectos parecem estar imbricados na questão. A partir das questões que emergiram neste trabalho, inúmeras são as perspectivas que se abrem a novas pesquisas, de modo a aprofundar o debate em torno do Português na Educação Superior.
- TeseRepresentações sobre a escola na obra memorialística de Pedro Nava(2022) Camargo, Márcio José Pereira deCom interesse na história da educação no Brasil do início do século XX, contada pelo viés literário de cunho memorialístico, esta pesquisa buscou explorar as interfaces em que dialogam literatura e história, tendo como objetos de estudo as obras Balão cativo: memórias/2 e Chão de ferro: memórias/3, lançadas respectivamente em 1973 e 1976, como volumes da série memorialística do médico e escritor Pedro da Silva Nava (1903-1984). Visando compreender as representações da escola presentes no relato do memorialista acerca de seus anos como aluno interno, objetivou-se descrever as relações entre literatura e história da educação; investigar as condições sociais e históricas que constituíram a educação escolar do período; explicar como o contexto histórico e as relações familiares e sociais contribuíram no percurso de formação do escritor; analisar e interpretar, nos volumes escolhidos, os modos como o memorialista representa as mediações entre a escola e o educando, em sua trajetória formativa e de socialização. Ancorando-se nos estudos realizados por Chartier (2002) e Burke (2005) no campo da História Cultural e, com fulcro nos postulados de Pêcheux (1995) sobre a noção de discurso, optou-se pela investigação exploratória, de abordagem qualitativa, seguindo-se os procedimentos da pesquisa bibliográfica, conforme Gil (2002) e Minayo (2009), bem como da vertente materialista da Análise de Discurso. À luz das transformações político-educacionais vividas no país entre o Império e a República e levando em conta o percurso formativo de Pedro Nava, procedeu-se à análise e interpretação das representações sobre a escola nas obras Balão cativo: memórias/2 e Chão de ferro: memórias/3, nas quais o memorialista relata suas experiências de internato vividas entre os anos de 1914 e 1920, primeiramente no Ginásio Anglo-Mineiro, em Belo Horizonte, e depois no prestigiado Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Como resultado, evidenciou-se um estilo pessoal do escritor, com o qual ele destaca o caráter pitoresco da escola e seus personagens e põe em relevo as contribuições das experiências de internato para seu processo formativo. As representações de Nava sobre a escola são reveladoras de que seu discurso é atravessado por outros discursos, de cujos sentidos depende a legitimação de outros tantos discursos que se fizerem no âmbito das instituições das quais emergem.