Comunicação, afetos e narrar de si: análise de narrativas sobre a maternagem no canal Ter.a.pia no Youtube
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Resumo / Abstract
O ato corriqueiro de lavar louças pode resultar em reflexões e desabafos, e o compartilhamento dessa experiência tende a atrair ouvintes e seguidores. É o que se constatou a partir do contato com um canal no qual pessoas aparecem lavando louça e narrando experiências marcantes de suas vidas. Tal fato gerou a seguinte inquietação, que se configura como questão norteadora desta dissertação: de que forma são compostas as narrativas sobre maternagem no canal Ter.a.pia, tendo-se em vista a relação entre comunicação e afetos? A partir desta pergunta, o trabalho aqui apresentado tem como objetivo geral buscar compreender de que forma são compostas as narrativas sobre a maternagem no canal Ter.a.pia, considerando a relação entre comunicação, narrar de si e afetos. Para tanto, a metodologia utilizada na pesquisa parte da análise de narrativas de Cândida Gancho, que identifica especificidades na narrativa, a partir da análise de sua estrutura (personagens, enredo, narrador, tempo e espaço). Em seguida, desenvolve-se a análise dos relatos de afeto, do narrar de si como mediação da experiência, com foco nas narrativas sobre maternagem. Tal escolha se justifica devido a recorrência do tema “maternagem” nos relatos encontrados no canal. Para o desenvolvimento dessas análises, fazemos uso de reflexões amparadas pelo corpo teórico da pesquisa, composto por autores como Walter Benjamin, no que se refere às narrativas midiáticas e mediação da experiência; Baruch Spinoza e Boris Cyrulnik para aprofundar na questão do afeto, bell hooks e Andrea O´Reilly para o desenvolvimento da questão da maternagem e Bahia, para o narrar de si. Com base nesses autores, podemos afirmar que as narrativas de maternagem aqui avaliadas, como veremos adiante, dispõem sobre um modo de organizar o relato de nossas experiências, portanto, tratase de uma forma comunicacional, gerada pelo que experimentamos e nos afetou. A justificativa deste trabalho se ampara na necessidade de se discutir os novos formatos midiáticos, que ainda oferecem espaço para o narrar de si e para a organização da experiência, abordando questões emergentes e atuais, que requerem discussões constantes, tais como as representações sociais dos modelos de maternagem, que auxiliam a pensar sobre traumas, violências, preconceitos e injustiças promovidas pelas desigualdades sociais e perpetuadas pelas narrativas.