Cartas em três atos: Paulo Freire, Angel Vianna e o cotidiano escolar
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Resumo / Abstract
Nesta dissertação apresento algumas experiências de arte-educação e de interpretação em dança que fundamentaram e impulsionaram outras práticas com estudantes da Educação Básica, na disciplina de Arte, considerando o ensino das suas expressões, contemplando o corpo como forma de expressão. Entendo a arte e a educação como encontro de subjetividades, como processo em que se dá o autoconhecimento, através de aprendizagens de todo o tipo, diluindo as fronteiras entre arte e educação, na medida em que há uma conexão com a vida. Por essa razão, vi a necessidade de proporcionar aos (às) estudantes a oportunidade de vivenciarem uma experiência dessa natureza, já que o estudo do corpo sensível e do movimento, enquanto expressão está ausente do meio escolar, pela posição subalterna ocupada pela arte nesse meio. Oriento-me pela teoria de Paulo Freire e sua pedagogia para a autonomia, que entende a educação como um processo baseado no diálogo, no qual educador (a) e educando (a) constroem o conhecimento, construindo-se também, enquanto sujeitos autônomos, portanto, emancipados. Tenho por objetivo demonstrar que a interpretação em dança e a educação possuem estreita ligação no que concerne ao uso dos jogos corporais e cênicos, para promover o conhecimento corporal, inserindo a dança enquanto área do conhecimento no contexto escolar, na medida em que trabalho com os seus fundamentos. Para atingir esses objetivos, optei pela utilização do trabalho de percepção pelo movimento e pelo jogos corporais, proposto pela artista da dança Angel Vianna, que busca uma forma própria de expressão, através do corpo e do movimento, sem a imitação de um modelo de corpo ou de movimento. Por último, apresento tais práticas e as reverberações que elas suscitaram nos (nas) estudantes, demonstradas por eles (as) em diferentes formas de expressão, tais como desenhos, músicas, poemas e relatos por escrito. Entendo o cotidiano escolar como um ambiente complexo, estabelecendo-se nele redes de múltiplas e diferentes relações, exigindo outras lógicas para a sua compreensão, coerentes com as vivências cotidianas. A fim de abarcar essa gama de experiências artísticas e educacionais, optei pela pesquisa narrativa, em que a narrativa pessoal e o protagonismo do sujeito se fazem presentes, o que lhe confere um caráter político, pois o sujeito reivindica o direito de narrar em nome de si próprio, sem a interpretação do (a) outro (a). Por pressupor um (a) interlocutor (a), a narrativa demanda uma escrita em que o diálogo com este (a) esteja em evidência. Desse modo, opto por narrar minhas experiências por meio de cartas, nas quais os imbricamentos entre teoria, prática e vivências se encontram presentes.