O uso do celular pela mulher contemporânea: vinculação e capilaridades na comunicação e na cultura

Com todas as suas lutas e conquistas, a mulher contemporânea desempenha um papel fundamental na sociedade, com muitas mudanças sociais e culturais após sua entrada no mercado de trabalho. Possui alto grau de instrução, investe na carreira, ocupa cargos de alto escalão e ainda administra a vida familiar e doméstica. Para dar conta de todas as suas atribuições, recorre às pessoas próximas, como marido, avós, babás, empregadas entre outros, mas também ao uso de dispositivos móveis, especialmente o celular, na tentativa de otimizar o seu tempo. Além desse aspecto relacionado à produtividade, acredita que o celular traz a sensação de estar mais próxima daqueles que estão distantes fisicamente. Isso é pertinente tanto nas situações em que ela quer encontrar alguém, quanto nos momentos em que ela precisa ser encontrada. Ou seja, a entrada da mulher no mercado de trabalho, somada ao uso de um dispositivo de comunicação, no caso o celular, trouxe mudanças culturais significativas, interferindo até na forma como as pessoas se relacionam. Segurança e controle também são aspectos analisados nesta dissertação sobre o uso do celular pela mulher, que é mãe, e que quer ter apenas a alguns toques, o controle sobre a sua vida, de sua família e de seu trabalho. Utiliza-se a pesquisa exploratória, descritiva e, por último, uma pesquisa de campo, aplicada por meio de questionário online com 100 mulheres, com alto grau de escolaridade, de classe média alta, que vivem nas cidades de Sorocaba, Campinas e São Paulo. Este trabalho se insere na área da comunicação e da cultura, na linha de pesquisa "análise de processos e produtos midiáticos", por tratar de um aparato utilizado para promover comunicação. Os aparatos, em geral, e o celular, em particular, não diferem de outras tecnologias comunicacionais, já que transforma, não apenas veicula informações, mas modifica as relações, as percepções, a cultura em que se insere e, principalmente, cria vínculos. Os principais autores usados nestas discussões foram Asa Briggs e Peter Burke (2006), André Lemos (2009), Gilles Lipovetsky (2000), Adriana Lopes e Carlos Guilherme Mota (2008), Zigmunt Bauman (2011), Norval Baitello Junior (2010), Manuel Castells (1999), Gilles Deleuze e Félix Guattari (2000), Ciro Marcondes Filho (2008), Lucia Santaella (2007) e Milton Santos (1978).