As orientações das práticas pedagógicas: anamnese na escola de medicina de Sorocaba
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Resumo / Abstract
Este trabalho foi uma reflexão sobre a medicina praticada nos dias de hoje, a qual vem se caracterizando pela crescente dissociação em especialidades e superespecialidades, a fim de ser aperfeiçoada em todas as suas faces. Essa fragmentação crescente do saber médico, particularizando cada vez mais o corpo humano, cria uma tensão entre o conhecimento do corpo como unidade anatômico-funcional e psicológica e as suas partes, trazendo consequências indesejáveis, comprometendo a necessária harmonia na relação médico-paciente. Essa pesquisa teve seu objetivo voltado para um estudo sobre o ensino da anamnese, oferecido (ou não), aos alunos da Escola de Medicina, na atualidade, em face ao crescimento da tecnologia utilizada no diagnóstico dos doentes, seja qual for a queixa apresentada por eles. A investigação foi realizada dentro do contexto de um ambulatório médico de especialidades, tomando como sujeitos os alunos estagiários, o professor de medicina e o paciente, procurando delimitar, à medida do necessário, para aprofundar estes aspectos que irão encontrar algumas luzes para melhor elucidar os objetivos propostos. Esta investigação qualitativa tomou como referência a etnometodologia, por ela permitir compreender o modo como as pessoas percebem, explicam e descrevem a ordem no mundo que habitam. A etnometodologia permitiu a observação e descrição sobre os métodos utilizados nas ações educativas que compõem a organização do trabalho docente do professor, dos alunos estagiários e do paciente. Conforme os objetivos propostos foram utilizados instrumentos como a entrevista, a fotografia e a observação direta no diálogo e no acompanhamento dos sujeitos pesquisados. Na análise buscamos a compreensão dos pressupostos epistemológicos que nortearam o processo de ensino-aprendizagem. As conclusões apontam que a epistemologia subjacente ao trabalho docente foi a empirista e a de que só em condições especiais o docente afasta-se dela, voltando a ela assim que a condição especial tiver sido superada. O paradigma empirista professa que o ensino tem poder ilimitado para produzir aprendizagem; se esta não ocorre, a culpa é inequivocadamente do aluno. Reproduz-se o que já existe; o que não existe não pode ser reproduzido; o que não pode ser reproduzido não tem valor pedagógico. Por isso, que a simples mudança de paradigma epistemológico não garante, necessariamente, uma mudança de concepção pedagógica ou de prática escolar, mas sem esta mudança de paradigma, superando o empirismo e o apriorismo, certamente não haverá mudança na leoria e na prática docentes. A superação do apriorismo e, sobretudo, do empirismo é condição necessária, embora não suficiente, de avanços apreciáveis e duradouros na prática docente.