Representações da casa do brasileiro na propaganda em tempos de pandemia
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Resumo / Abstract
Reconhecida como uma das principais mediadoras sociais da contemporaneidade, a publicidade se revela, assim, potente instrumento de atribuição e construção de sentidos na cultura atual. Partindo desse entendimento e procurando compreender como se deram os processos sígnicos de representação ligados à publicidade no contexto da pandemia da COVID-19, esta pesquisa propõe um questionamento acerca de como a casa – ambiente a que a maior parte da população brasileira se viu limitada nos primeiros meses de 2020 – foi representada pela propaganda brasileira. Que novos sentidos lhe foram atribuídos? Que antigos significados foram reforçados? Quais signos foram manejados para essas construções de sentido? Em termos teóricos, a pesquisa se sustenta no entrelaçamento da antropologia, que busca compreender os significados do morar e do habitar pela perspectiva da cultura; com a semiótica, útil para nos evidenciar a natureza de linguagem que a publicidade tem; e ainda com contribuições teóricas propriamente da comunicação e da propaganda. Para se chegar aos resultados, foram levantados dados históricos e estatísticos sobre o habitar no contexto da pandemia; foi feita uma reflexão a respeito dos impactos da pandemia no comportamento do consumidor; e, por fim, foi realizada a análise do corpus, composto por anúncios publicitários veiculados durante a pandemia, de marcas de abrangência nacional e de diferentes categorias de produtos. Conclui-se, em primeiro lugar, que, mesmo no contexto extraordinário da pandemia da COVID-19, a publicidade manteve seu caráter expressivo, representativo e construtor de valores sociais. De maneira mais específica, notam-se sentidos predominantemente positivos associados ao ambiente doméstico, como segurança, aconchego, família, diversão, apoio e esperança.