Atividade farmacológica de frações de diferentes polaridades de Casearia gossypiosperma Briquet contra o bloqueio neuromuscular induzido pelos venenos ofídicos (cascavel e jararacuçu)
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Resumo / Abstract
Estudos prévios mostraram que o extrato seco de folhas de Casearia gossypiosperma Briquet (C. gossypiosperma), popularmente conhecida como paude-espeto, impediu o bloqueio neuromuscular induzido pelo veneno de Bothrops jararacussu (B. jararacussu), agregando valor medicinal à espécie. Os objetivos desta pesquisa foram testar o extrato liofilizado de C. gossypiosperma contra o veneno bruto de Crotalus durissus terrificus (C. d. terrificus) e fracionar o extrato seco a fim de isolar/identificar compostos das frações ativas contra os venenos ofídicos de cascavel e jararacuçu (estudo biomonitorado). Para tanto, foi obtido um extrato seco das folhas desta espécie que, em seguida, foi fracionado por partição líquido-líquido utilizando-se solventes de diferentes polaridades (hexano, FHEX; diclorometano, FDM; acetato de etila, FAET; e metanol, FMET). Métodos cromatográficos (em coluna, CC; em camada delgada comparativa, CCDC; e em camada delgada preparativa; CCDP) foram empregados até a obtenção de compostos puros, que foram submetidos à técnica de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN 1H) e carbono (RMN 13C). O extrato liofilizado (50 µg/mL) não impediu o efeito neurobloqueador do veneno de C. d. terrificus (10 µg/mL, n=10), diferentemente da fração hexânica liofilizada, que protegeu parcialmente contra a paralisia induzida pelo veneno de C. d. terrificus (10 µg/mL; 48,3 ± 10,8%, n=10), no tempo de 120 minutos (p<0,05). Já as demais frações liofilizadas FDM, FAET e FMET (25 µg/mL, cada), não demonstraram efeito protetor estatisticamente significativo contra o veneno (p>0,05). Nos ensaios farmacológicos para a neutralização do veneno de B. jararacussu (40 µg/mL), ficou evidenciada a proteção da fração hexânica liofilizada (10 µg/mL) no tempo de 120 minutos, em 94,8 ± 2,6% (n=5), assim como as demais frações liofilizadas FDM, FAET e FMET, que demonstraram proteções significativas (p<0,05), em 60,9 ± 8,7% (n=6), 44,7 ± 9,1% (n=7) e 38,6 ± 5,0% (n=5), respectivamente, aos 120 minutos. Em virtude de a fração hexânica ter sido a que demonstrou melhor atividade contra os venenos estudados, esta foi subfracionada por cromatografias em coluna e em camada delgada preparativa. Dentre as subfrações obtidas neste processo, duas foram submetidas à espectrometria de RMN 1H, sendo uma delas caracterizada como uma mistura de terpenos e a outra, mais purificada, submetida para a obtenção de espectros de ressonância magnética nuclear (RMN) bidimensionais, mas cuja massa não foi suficiente para a elucidação da estrutura química. Avaliando os resultados em conjunto é possível concluir que a fração hexânica foi a principal responsável em proteger contra o bloqueio neuromuscular induzido por ambos os venenos ofídicos estudados.