Prescrição de medicamentos por enfermeiros e farmacêuticos: overview de revisões sistemáticas
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Resumo / Abstract
A prescrição de medicamentos por profissionais não médicos foi realizada pela primeira vez no Reino Unido em 1986, onde hoje, enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais da saúde podem prescrever medicamentos dentro de suas esferas de competência. Desde então, a prescrição por enfermeiros e farmacêuticos tem evoluído de forma variada, em diferentes países. Embora os pacientes sejam receptivos à prescrição por profissionais não médicos, ainda há escassez de evidências em relação aos resultados clínicos. Nesse contexto, o objetivo desse estudo foi sumarizar as evidências sobre a prescrição de medicamentos por enfermeiros e farmacêuticos. Tratase de um overview de revisões sistemáticas. A busca e a seleção de revisões sistemáticas sobre a prescrição de medicamentos por enfermeiros e farmacêuticos exploraram as bases de dados MEDLINE, via PubMed, Biblioteca Cochrane, CINAHL, Web of Science e OpenGrey, combinando os descritores nurses, pharmacists, prescriptions e seus sinônimos remissivos, até Maio de 2016. Foram incluídas no estudo revisões sistemáticas que abordaram a prescrição de medicamentos por enfermeiros ou farmacêuticos em qualquer nível de atenção, sem restrição quanto ao desenho dos estudos primários, data de publicação ou idioma. Para avaliação da qualidade metodológica das revisões sistemáticas selecionadas foi utilizado o instrumento Assessing the Methodological Quality of Systematic Reviews (AMSTAR). Os principais achados foram agrupados em categorias temáticas, definidas com base em análise de conteúdo, e discutidas qualitativamente na forma de síntese narrativa. Nove revisões sistemáticas foram incluídas no estudo. Os artigos selecionados foram publicados entre 2002 e 2016 e o número de estudos primários incluídos nas revisões sistemáticas variou entre 7 e 124. Seis revisões sistemáticas abordaram exclusivamente a prescrição de medicamentos por enfermeiros; uma abordou a prescrição de medicamentos por enfermeiros e farmacêuticos; e duas abordaram profissionais não médicos. Foram identificados estudos avaliando os efeitos da prescrição por enfermeiros; comparando a prescrição por enfermeiros ou médicos na atenção primária; comparando os cuidados iniciais fornecidos por enfermeiros e médicos; avaliando a prescrição de antimicrobianos por enfermeiros prescritores independentes; avaliando as interações entre clínicos não médicos (incluindo farmacêuticos e enfermeiros) e a indústria; revisando métodos educacionais capazes de melhorar a prescrição tanto de profissionais médicos quanto não médicos. Na avaliação da qualidade metodológica segundo os critérios do AMSTAR predominaram revisões sistemáticas de qualidade baixa ou moderada. Os principais desfechos avaliados foram agrupados em seis categorias temáticas: categorias profissionais e nível de atenção; tempo de consulta e qualidade do atendimento; aceitabilidade e nível de satisfação dos pacientes; acesso a medicamentos e serviços; aspectos econômicos e barreiras à implantação. As revisões sistemáticas incluídas nesse overview apontaram benefícios potenciais da prescrição de medicamentos por enfermeiros e farmacêuticos. No entanto, deficiências metodológicas dos estudos não permitiram conclusões definitivas sobre o tema. Além disso, foram identificadas lacunas na base de conhecimentos que resultaram na indicação de temas relevantes para pesquisas futuras, a serem conduzidas com maior rigor metodológico.