Efeitos farmacológicos do guaco (Mikania laevigata Shultz Bip. ex Backer) frente às ações do propanolol e salbutamol, em modelo experimental de musculatura estriada
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Resumo / Abstract
O guaco (Mikania laevigata) é planta popularmente utilizada para o alívio de sintomas respiratórios, tendo suas propriedades terapêuticas reconhecidas por estudos experimentais e pré-clínicos, porém com mecanismos de ação não completamente esclarecidos e atribuídos em parte a seu principal marcador, a cumarina. O salbutamol é fármaco de reconhecida ação broncodilatadora via receptores-β₂ de musculatura lisa de vias aéreas e o propranolol antagonista não seletivo de receptores-β, utilizado na clínica com diversas finalidades e ambos em estudos experimentais. Este trabalho teve como objetivos, produzir extratos de diferentes polaridades de M. laevigata (EHA- hidroalcoólico; INF1 e 2%- aquoso por infusão; EH- hexano; ED-diclorometano; EAC- acetato de etila; EM- metanol), caracterizá-los através de cromatografia em camada delgada, utilizando como referência seu marcador (fitoquímico comercial cumarina- 1,2-benzopirona); verificar os efeitos farmacológicos dos extratos e comparar com os do salbutamol, propranolol (Prop.) e fitoqúimico em modelo experimental de nervo frênico-diafragma de camundongo, tendo em vista a ação do conjunto de fármacos, fitoquímico e extratos em musculatura estriada esquelética. Os resultados mostraram ação tanto dos fármacos quanto dos extratos na resposta contrátil por estimulação indireta (%), ao final de 1 hora: o propranolol (48,4±7,2 com 0,4µM n=6) e o fitoquímico (65,3±5,4 com 200µg/ml n=5) produziram efeito bloqueador; o salbutamol (105,9±8,7 com 20µg/ml n=4; 113,7±8,7 com 100µg/ml n=7 e 105,2±10 com 500µg/ml n=4) e os extratos (EHA 99,4±3 com 1mg/ml n=6; INF2 137±3,1 n=3; EH 200µg/ml+ PEG 400 3µl/ml 105,3±4,7 n=3; ED 200µg/ml+DMSO 6µl/ml 82,3±4,4 n=3; EAC 100µg/ml+PEG 400 3µl/ml 103±5,2 n=3) produziram efeito facilitador da contração muscular, sendo maior o do extrato aquoso (INF2) que também interferiu significativamente no bloqueio induzido pelo propranolol (INF1 com 200µg/ml+Prop. 0,4µM 92,8±7,5 n=5). O extrato hidroalcoólico mostrou interferência nas ações do propranolol (EHA 1mg/ml+Prop. 0,4µM 0±0 n=4) e salbutamol (EHA 200µg/ml+salbutamol 0,3µM 102,8±8,4 n=5) com tendência para bloqueio nos dois casos. O extrato de acetato de etila mostrou diferença significativa na resposta entre os solventes utilizados (EAC 200µg/ml+PEG 400 3µl/ml 94,5±5,1 n=5 e EAC 200µg/ml+DMSO 6µl/ml 72,1±1,4 n=5). O fitoquímico cumarina, não apresentou no modelo ação correspendente à dos extratos e interferiu no efeito facilitador do salbutamol (T=20 salbutamol 0,3µM 111,3±2,4 T=30 salbutamol 0,3µM/cumarina 500µg 105,7±2,4 n=5). Os extratos com presença marcante do ácido o-cumárico apresentaram resposta farmacológica mais expressiva. Estes resultados sugerem que as ações do guaco se desenvolvem por meio de fitocomplexo e através de múltiplos mecanismos de ação, dentre os quais a possível participação de vias adrenérgicas. Palavras chave: Mikania laevigata. Propranolol. Salbutamol. Junção neuromuscular. Músculo estriado esquelético.