Uso de medicamentos para dormir no Brasil
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Resumo / Abstract
Introdução: O uso de medicamentos para dormir é um assunto amplo e está associado a diversos temas, em diferentes países, como os distúrbios do sono, doenças psiquiátricas, fatores comportamentais e econômicos. Entretanto é uma abordagem pouco conhecida e explorada no Brasil. Objetivo: Investigar a frequência do uso de medicamentos para dormir no Brasil e os possíveis fatores associados (sociais, demográficos, estilo de vida e doenças crônicas). Método: Trata-se de uma análise de dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013 (PNS), estudo transversal de base populacional realizada pelo Ministério da Saúde em conjunto com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Foram aptos a participarem da PNS todos os moradores maiores de 18 anos, escolhidos através de amostragem aleatória conglomerada realizada em três estágios. Consistiu em entrevistas domiciliares sobre o estado de saúde, estilo de vida e doenças crônicas, com respostas autorreferidas. Considerou-se como desfecho primário a pergunta: “Nas últimas duas semanas, o sr.(a) fez uso de algum medicamento para dormir?”. Outras questões também foram avaliadas: “Nas últimas duas semanas, por quantos dias usou o medicamento para dormir?”, “Foi receitado para o (a) sr (a) mesmo(a)?”. Procedeu-se o cálculo da frequência do uso de medicamentos para dormir; análise descritiva dos dados estratificados pelo mesmo e cálculo das razões de prevalência (RP) por regressão de Poisson com variância robusta, ajustadas por sexo e idade, dos seguintes fatores associados: estado civil, etnia, escolaridade, fumo, consumo de álcool, atividade física, consumo de sal, índice de massa corpórea (IMC) e sintomas depressivos. Procedeu-se análise de sensibilidade por técnica de reamostragem (bootstrap). Resultados: Foram incluídos na análise 60.202 indivíduos (52,9% mulheres e 42,9 ± 17,1 anos). A prevalência do uso de medicamentos para dormir foi de 7,6% (IC 95%: 7,3-8,0%). O tempo médio de duração do tratamento foi em torno de 9,75 (IC 95%: 9,49-10,00) dias e dentre os entrevistados que fizeram uso de medicamentos, 11,2% (IC 95%: 9,6-12,9%) relataram usar sem orientação médica. A análise multivariada mostrou os seguintes fatores estatisticamente significativos associados ao uso de medicamentos para dormir: sexo feminino (RP = 2,21; IC 95%: 1,97-2,47), faixa etária ≥ 60 anos (RP = 5,43; IC 95%: 4,14-7,11), etnia branca/amarela (RP = 1,38; IC 95%: 1,13-1,68), fumo (RP = 1,47; IC 95%: 1,28-1,68), sintomas depressivos com destaque aos graves (RP = 7,85; IC 95%: 6,77-9,11) e muito graves (RP = 10,42; IC 95%: 8,74-12,44). O consumo de álcool foi inversamente associado com o uso de medicamentos para dormir (RP = 0,66; IC 95%: 0,56-0,77). Conclusão: Os resultados apontam maior frequência de uso entre mulheres, idosos, etnias branca/amarela, ensino até o fundamental, fumantes e pessoas com sintomas depressivos.