A criação do grupo escolar "Senador Vergueiro" (1919) e a escolarização dos filhos dos operários em Sorocaba
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Resumo / Abstract
Por três séculos Sorocaba abrigou a Feira de Muares, onde tropeiros vindos do sul a caminho das Minas Gerais, faziam da cidade seu ponto de descanso e de negócios. Dessa forma, a cidade prosperou e muitos fizeram fortunas. Com o fim das feiras, o dinheiro acumulado nos negócios das mulas foi aplicado na construção de fábricas, comércios e indústrias, colocando novamente a cidade em destaque nacional, ganhando o apelido de “Manchester Paulista”. Com a abertura de novas fábricas exigindo um grande contingente de mão de obra operária, chegaram imigrantes de diversas nacionalidades, fixando-se em diversos pontos da cidade, principalmente no bairro Além Ponte. Provenientes do Velho Continente, os espanhóis fundaram sua colônia espanhola na cidade de Sorocaba. Os espanhóis fizeram parte da história do movimento operário sorocabano. Seu ingresso nas fábricas inicialmente foi a contra gosto, visto que a maioria desejava trabalhar na lavoura. Os imigrantes viram-se obrigados a compor a grande massa de trabalhadores, principalmente nas fábricas de tecidos. A luta pela sobrevivência fez com que os filhos dos operários adentrassem as fábricas, compondo o parco orçamento doméstico e gerando um problema social: o analfabetismo, que desafiava ao ideário Republicano. O sonho da República esbarrava exatamente no dilema da instrução e educação; como solucionar isso foi o ponto de partida para que o movimento operário lutasse pela redução da jornada de trabalho, para que os pequenos proletários frequentassem as salas de aula da Escola Moderna, local onde o ensino racional, com base na filosofia anarquista era disseminado. Os governantes responsáveis pela Educação, preocupados com o avanço dos ensinamentos anarquistas procuraram meios para colocar esses menores operários nos bancos escolares das escolas públicas. Tornaram o ensino obrigatório, ao menos para as crianças até os 12 anos; agruparam escolas isoladas em Grupos Escolares, reformularam o ensino desde as suas bases. Na reunião de diversas escolas isoladas no bairro do Além Ponte, tipicamente espanhol e operário, foi fundado em 1919 o terceiro grupo escolar da cidade de Sorocaba, atendendo às reivindicações dos operários. A Chácara Amarela, palco de tentativas de instalação da primeira tecelagem da cidade, passou a abrigar o Grupo Escolar “Senador Vergueiro”, assim denominado em homenagem ao avô do chefe político Luis Pereira de Campos Vergueiro, que comandou a política local e o movimento denominado de “Vergueirismo”. Este trabalho foi elaborado por meio da pesquisa em documentos, jornais da época e livros, foi de grande valia o trabalho do pesquisador e professor Rogério Lopes Pinheiro de Carvalho que reuniu e organizou uma edição fac-similar do jornal O Operario, fonte de informações sobre o Movimento Operário sorocabano e a preocupação com a escolarização dos filhos dos operários.