Diário de uma menina: escola, família e sociedade na educação feminina oitocentista na obra de Helena Morley
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Resumo / Abstract
Esta tese, vinculada à linha de pesquisa de História e Historiografia da Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Sorocaba, apresenta como tema o diálogo entre História da Educação e Literatura tendo como objeto de pesquisa a obra Minha vida de menina (2016), de Helena Morley, pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant. O estudo realizado parte dos questionamentos de como se caracterizava a educação oitocentista feminina formal ofertada pela Escola Normal de Diamantina e de que forma ocorreu sua imbricação com a educação informal fornecida pela tradicional família diamantinense, com a Igreja Católica e com a Protestante, tomando como embasamento os registros diários de Helena Morley entre 1893 e 1895. Constatou-se nesta pesquisa empreendida que o cotidiano vivido por Morley na Escola Normal de Diamantina, no último quartel do século XIX, permite encontrar evidências de uma singular experiência formativa e que a escola, a família e a sociedade contribuem para a instrução e para a construção da jovem, influências comprovadas nos registros do diário atestando o olhar abrangente e crítico da menina em uma época de transição sociopolítica, cultural e econômica. O principal eixo investigativo deste estudo foi o da relação entre a religião e a tradicional família católica e mineira, em recorte de análise quanto à estrutura da família diamantinense em sua imbricação com a educação feminina, pois tanto a igreja quanto a família funcionaram como aparelhos de regulamentação e de cerceamento moral da diarista, influenciando diretamente na construção e na reafirmação da identidade pessoal, moldando-lhe o caráter e o temperamento, proporcionando-lhe a comparação com o outro, em exercício de alteridade, além da persistente reflexão sobre si mesma. Morley problematiza, nas páginas de seu diário pessoal, questões pertinentes ao final do século XIX que não constam, necessariamente, em documentos oficiais. Sendo assim, a obra transcende a ideia de um diário de uma menina provinciana, nos confins mineiros, ao revisitar histórias não contempladas nos registros de História academicamente legitimados. A escola funciona como a conjunção destes dois eixos norteadores, religião e família, ao reproduzir, em seu microcosmo, a sociedade oitocentista arraigada às normas religiosas e aos denominados bons costumes perpetuados pela sociedade constituída, por sua vez, em torno de regras de conduta e de premiação caso se permanecesse em consonância com o comportamento normatizado pelo patriarcado. Em relação às metodologias utilizadas neste estudo, valeu-se das referências bibliográficas, sobretudo quanto à historiografia, em perspectiva analítico-reflexiva, bem como à Análise de Discurso embasada nas obras de Eni Orlandi (2020) e de Sírio Possenti (2009) e à Análise de Conteúdo, encontrada na obra de Lawrence Bardin (2016).