Repositório Institucional da UNISO
 

Corpo presente, corpo ausente no cotidiano escolar

Carregando...
Imagem de Miniatura

Data

2017

Tipo de documento

Dissertação

Curso



Título da Revista

ISSN da Revista

Título do Volume

Autor(es)

Orientador(es)

Coorientador(es)

Organizador(es)

Projetos de Pesquisa

Unidades Organizacionais

Fascículo

Resumo / Abstract

O interesse principal deste estudo, relacionado ao fenômeno da corporeidade, é compreender, em uma abordagem qualitativa, como alunos do Ensino Médio concebem e expressam um corpo presente e ausente em aulas de Educação Física. Em busca de conhecimentos subsidiários ao interesse principal, investiga-se o significado que os sujeitos atribuem ao corpo, corpo saudável, doente, cerceado, livre, humilhado/vaidoso, ativo/passivo, corpo objeto/sujeito e que desperta diferentes sentimentos. Procura-se conhecer, também, como os corpos dos sujeitos analisados se relacionam com outros corpos e quais são alguns dos limites e possibilidades que o cotidiano escolar coloca à expressão da corporeidade de adolescentes. Apoiado em bases filosóficas sobre a fenomenologia do corpo e direcionado à intrincada realidade do ambiente da escola, este trabalho recorre a técnicas de observação e entrevista e as aplica em nove alunos do Ensino Médio de uma escola da rede particular de Sorocaba SP. Esses alunos foram observados em aulas de Educação Física voltadas à prática do boxe, e posteriormente entrevistados. As narrativas verbais e corporais desses sujeitos, interpretadas à luz do Paradigma Indiciário de Carlo Ginzburg e do referencial teórico com que o trabalho dialoga, forneceram-nos indicadores, dos quais foram extraídos sinais que, por sua vez, geraram indícios de um corpo dicotomizado e comportado no contexto em estudo. Nessa realidade, em que apenas a fisiologia “aprende” e não se problematiza a complexidade do corpo, a Educação Física, ao fazer perdurar a antiga dualidade, repete o erro que critica na dinâmica de outros componentes curriculares: ou seja, uma aprendizagem sem “alma”, equivalendo-se àqueles que praticam uma aprendizagem sem corpo. A meio caminho entre uma liberdade vigiada e uma disciplina cada vez mais anacrônica, e quase sempre sob uma produtividade que eufemiza o controle, os corpos são vistos comportados, não totalmente cerceados, mas tampouco totalmente livres. Embora as aulas de Educação Física sejam apontadas como o reduto na escola onde menos os sujeitos se sentem distanciados do que são em sua essência, a condição de disciplinados ainda é geradora de interrupções e um empecilho à formação humanizada. Dicotomizados, comportados e sob influência das demandas contemporâneas da silhueta, os corpos, presentes e ausentes a um só tempo, perdem em subjetividade, reificam-se e, em consequência, veem sua presença – uma presença somente para si – diminuir no cotidiano escolar. A Educação Física, desde que se reconfigure como um espaçotempo favorecedor de novos sentidos ao corpo, tem um papel importante na tarefa de ressignificá-lo e de lhe dar centralidade no processo educativo, a fim de que, completada a sua libertação, ele aceda à condição de sujeito, supere muitos dos entraves que aumentam a sua ausência nos domínios escolares e se torne mais presente.


Citação

Use este identificador para citar ou linkar este item