O véu rasgado da palavra: comunicação poética versus afundamentalismo em pregações evangélicas
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Resumo / Abstract
Esta pesquisa contrapõe a comunicação poética ao contrato midiático da pregação evangélica, bem como discute suas repercussões quanto ao fenômeno conhecido como “fundamentalismo”, termo que é questionado nesta investigação. Diante da percepção de aspectos coincidentes entre a comunicabilidade “fundamentalista” e o contrato midiático da pregação evangélica, pergunta pelas possibilidades – incluindo formas e motivações – para que a comunicação poética seja elaborada em liturgias evangélicas, bem como de que modo esse elaborar pode contribuir para desarticular lógicas denominadas “fundamentalistas”, presentes na religiosidade desses grupos. Para tanto, percorre o método da montagem, seguindo os passos de Walter Benjamin na obra Passagens. Trata-se de método que requer uma perspectiva crítica-criativa, não analítica, diante do recorte de pesquisa: pregações enunciadas em igrejas evangélicas de diferentes denominações, distribuídas entre as principais vertentes históricas deste grupo religioso, encontradas na plataforma digital YouTube. Entre as referências teóricas, estão Rubem Alves, Magali Cunha e Gedeon Alencar, para tratar de evangélicos no Brasil; Octavio Paz, Paul Ricoeur, Míriam Cristina Carlos Silva, para abordar a comunicação poética; James Barr, Karen Armstrong e Luiz Signates, para as discussões sobre o “fundamentalismo”. A relevância da pesquisa está em apontar modos práticos para que a comunicação poética ganhe espaço no cotidiano de grupos evangélicos, contribuindo para desarticular lógicas conhecidas como “fundamentalistas”, pois que apresentam ameaças ao convívio responsável e às democracias. Nessa direção, por fim, esta tese defende que as possibilidades para uma comunicação poética em liturgias evangélicas passam por sua reclassificação e apontamento como fundamentalista; ao passo que a comunicabilidade conhecida como “fundamentalista” deve ser denunciada como afundamentalista, tanto por omitir seus fundamentos (suas premissas) quanto, por meio deles, violentar (de cima para baixo – um movimento de afundar). Neste deslocamento semântico, que segue a perspectiva metodológica crítica-criativa, propõe que tal comunicação poética fundamentalista pode se dar, em liturgias de igrejas evangélicas, pelo uso do ensaio como um exemplar enunciativo, uma vez que assume seu caráter provisório e experimental. É este assumir que dá nome à primeira parte do título desta tese: o véu rasgado da palavra. Desvelar, no lugar de encobrir os fundamentos da comunicação.